domingo, 8 de agosto de 2010

Voa Passarinho, Voa

Agora em Julho estivemos pela 3ª vez tocando no Encontro de Culturas Tradicionais dos Povos da Chapada, em São Jorge. Pela 1ªa vez no Palco Principal. Foi uma grande emoção e satisfação estar ali representando nossa cultura, fazendo nosso som que transcende as barreiras dos estados, nosso coco goiano. O Festival sempre teve um valor muito especial para nós, por ter sido um dos primeiros locais a receber nosso som em 2008, na casa de Culturas Cavaleiros de Jorge. Foi lá que conhecemos pessoalmente, nesse mesmo ano, logo no início de nossa descoberta do coco, o grupo Pandeiro do Mestre, com quem aprendemos muito. É nesse festival que conhecemos e descobrimos nossas manifestações culturas da Chapada. A repercussão foi muito bacana e temos colhido bons frutos! Um deles vem abaixo, um texto que chegou ao nosso e-mail de Gustavo Meyer, que assistiu à apresentação e fez uma resenha do nosso show. A gente publica aqui com muita satisfação e emoção! Obrigada, Gustavo!

Voa Passarinho, Voa

Os Passarinhos do Cerrado, grupo autenticamente goiano, foram o ponto alto do X Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, realizado na Vila de São Jorge. Para os desavisados a performance do grupo surgiu assim, de brinde. E que brinde! Grupo ousado, chegou dando a entender – dando a cumprir – que ia tocar só côco, ritmo tradicional do Nordeste. Mas os passarinhos não encantaram só por isso, mas especialmente por serem, suas e seus integrantes, autenticamente goianos. Goianos, no olhar, goianos, nos trajes, na postura e na atitude: simples e próprios. Nunca havia visto grupo goiano chegar assim, com panca humilde, e dizer “olha gente, a gente veio e vai tocar só côco pra vocês”. Fui testemunha: o êxtase aconteceu. Dia seguinte, reclamação generalizada: dor nas pernas. Ô coisa boa!

Musicalmente falando, me chamou a atenção o côco sustentado por um coral de canárias, ou de belas moças, característica forte do grupo. A percussão... ah, a percussão... simples e ao mesmo tempo forte, especialmente grave, embora tendo em sua composição pandeiro e outros instrumentos. A voz masculina solista, goiana e estonteante. Um golpe aos desavisados. O repertório, muito autêntico, no qual algumas das músicas contendo preciosos intervalos de silêncio.

Esteticamente, um estrondo... O que seria esperado, por exemplo, das roupas de um grupo de cultura popular que se propõe a tocar côco? Em minha mente apenas me vêm os trajes coloridamente homogêneos do mundo alternativo. Até essa difícil barreira esteve transposta na segunda-feira à noite, um pouco nas cores, mas principalmente nos recortes e tamanhos e tecidos, por sua vez, e mais uma vez, autenticamente goianos, com forte influência das feiras populares. Tenho visto muitos grupos de cultura popular e, por conta disso, digo que não poderia sequer imaginar que aquele conjunto de semblantes goianos, se propondo a explorar um elemento a ele originalmente alheio (o côco), poderia causar tamanho estrondo. Parabéns Passarinhos, e que façam bom e longo vôo!


Gustavo Meyer

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